sexta-feira, 24 de julho de 2009


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Nascido em Itapetim,em 02 de Julho de 1974,filho de José Gomes conhecido por Zequinha e Maria de Lourdes,é um primo que preso muito,e que compõe obras grandíssimas,por isso que dizemos que Itapetim é o "Ventre Imortal da Poesia",por sua imensa quantidade de poetas.

Agora leiam algumas estrofes de Jailton Lopes:

Mote: Viver como estou vivendo

não vale a pena viver


Quando novo eu fui um touro

saudável voraz e forte

fui companheiro da sorte

tive uma vida de ouro,

mas pereceu meu tesouro

depois de envelhecer

e o tempo não quer saber

se estou feliz ou sofrendo,

viver como estou vivendo

não vale a pena viver.


Estou em uma prisão

sem ter direito a fiança

sem conforto ou confiança

como se fosse um ladrão,

condenado a reclusão

pelo crime de nascer

ter demorado a morrer

é a pena que estou devendo

viver como estou vivendo

não vale a pena viver


Meu corpo virou capela

de rugas, dor e calvície

e o fantasma da velhice

morando por dentro dela,

a solidão na janela

faz me a vista escurecer,

não vejo mais quem me ver

vejo que vivo morrendo,

viver como estou vivendo

não vale a pena viver.


Jailton Lopes


Este mote do qual Jailton compôs esse verso foi dado pelo meu PAI que também é meu "Poeta Maior",Francisco Lopes conhecido por Chico barbeiro o mote diz o seguinte:Quando penso que o tempo não retorna/Da prazer de viver mais tenho medo.


Na estrada da vida sou Romeiro

Caminhando em procura a salvação

E os abismos que levam a perdição

Não estão indicados com letreiro

Sendo o tempo meu único companheiro

Nunca avisa meu erro ainda sedo

Quer brincar de correr sendo o brinquedo

Que não para, não cansa nem madorna

Quando penso que o tempo não retorna

Dá prazer de viver, mais tenho medo.


Jailton Lopes


Por:Monique D'Angelo

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Soneto,de Monique D'Angelo e Mariana Teles




DISTÂNCIA
- -
A saudade em mim já fez morada
E o alicerce é a minha solidão
A distância faz doer meu coração
E não me deixa encontrar mais a entrada
- -
Vou seguindo uma estrada esburacada
Pra enfim encontrar algum remédio
Acabar de uma vez com esse tédio
Que me aflige e me deixa apavorada
- -
Na ausência de ti que quero bem
Não encontro teu cheiro em mais ninguém
Toda busca me leva a ver você
- -
Sem estrada,sem rota,sem saída
Vou buscando num gole de bebida
Um motivo que faça eu lhe esquecer.
- -
Parceria de Monique D'Angelo e Mariana Teles

Versos de Tony



Ser escolhido pela pessoa amada
Se entregar de corpo e alma coração
Compartilhando o sorriso da paixão
Amar apenas sem pedir em troca, nada
Abrir os braços pra essa chance dada
Acordar com um sorriso no olhar
Podendo agora do passado recordar
Aqueles dias em que passei na lama
'O coração não avisa quando ama
Nem escolhe a pessoa a quem amar'



Aqui deitado, pensativo, eu me vejo
A construir os sonhos do meu futuro
Fora do prumo, se "ergue", esse muro
Já não tendo a forma que eu desejo
Em meus sonhos, um castelo, eu almejo
E sonho um dia com a sua construção
Mas bem sei que não tenho condição
De ser o ‘X’ precioso do teu mapa
Veio o vento da noite e deu um tapa
Bem na cara da minha solidão



Perdi o vínculo com meu próprio sentimento
Fazendo sofrer a quem nunca me fez o mal
Reduzindo a pó todo o lado emocional
Transformando aquele amor num só tormento
Hoje meus dias não vivem sem o lamento
Te ter de novo, um novo sonho eu teria
Mas como sei que possível não seria
Chorando lembro o quanto foste infeliz
Por querer bem querer quem não me quis
Esqueci de querer quem me queria


Antônio Gabriel(Tony)

quarta-feira, 15 de julho de 2009


Uma certa vez, cego Aderaldo,cantando com Rogaciano Leite fez a seguinte estrofe,pois ele não aguentava mais Rogaciano botando quente nele,ele disse o seguite:


Andei procurando um besta

Um besta que fosse capaz

De tanto procurar um besta

Encontrei esse rapaz

Que nem pra ser besta serve

Porque é besta demais.


Cego Aderaldo


Por:Monique D'Angelo

sábado, 11 de julho de 2009


É muito insensível a mão que prende
Um golado, um canário, uma burgueza
Faltar com respeito a natureza
E depois se fingir que não entende.
Muitas vezes, nem cria, pega e vende
Confirmando o instinto de maldade
Além de tirar-lhe a liberdade
Ainda o deixa comendo por esmola
PASSARINHO QUE CANTA NA GAIOLA
NÃO É CÂNTICO, É UM GRITO DE SAUDADE.

Passarinho não sabe nem chorar
Se soubesse chorava na prisão
Mas não chora, nem fala porque não
Aprendeu a chorar e a falar.
Sequer tem noção por que está
Entre tela, taboca, arame e grade
Quando canta, é um cântico sem vontade
Como a gente cantando sem viola.
PASSARINHO QUE CANTA NA GAIOLA
NÃO É CÂNTICO, É UM GRITO DE SAUDADE

Você, passarinho encarcerado,
Que não sabe o que é uma fiança,
Estou lhe dando um pouquinho de esperança,
Confie nesse humilde advogado.
Vou buscar o direito a ti negado
No Ibama ou qualquer autoridade
Que a campina o espera, e a cidade
Está cheinha de pés de castonhola
PASSARINHO QUE CANTA NA GAIOLA
NÃO É CÂNTICO, É UM GRITO DE SAUDADE


Jacinto de Vital,filho do Ventre imortal da poesia"Itapetim"

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Rogaciano Leite


Rogaciano Leite,nasceu em Itapetim no sítio Cacimba Nova em 1 de Julho de 1920 e faleceu no Rio de Janeiro em 7 de Outubro de 1969,Filho dos agricultores Manoel Francisco Bezerra e de Maria Rita Serqueira Leite, iniciou a carreira de poeta-violeiro aos 15 anos de idade, quando desafiou, na cidade paraibana de Patos, o cantador Amaro Bernadino.

Em seguida, Rogaciano Leite foi para o Rio Grande do Norte, onde conheceu e iniciou amizade com o renomado poeta recifence Manoel Bandeira. Aos 23 anos de idade mudou-se para Caruaru, no agreste pernambucano, onde apresentou um programa diário de rádio. De Caruaru, seguiu para Fortaleza, onde tornou-se bancário .

Entre 1950 e 1955, Rogaciano residiu nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. No Rio casou-se com Maria José Ramos Cavalcante, com quem teve os filhos Rogaciano Filho, Anita Garibaldi, Roberto Lincoln, Helena Roraima, Rosana Cristina e Ricardo Wagner.

Em 1968 deixou o Brasil para uma temporada na França e outros países da Europa . Na Rússia deixou gravado, em monumento na Praça de Moscou, o poema Os Trabalhadores.

Alguns dos poemas mais conhecidos de Rogaciano Leite são Acorda Castro Alves, Dois de Dezembro, Poemas escolhidos, Carne e Alma, Os Trabalhadores e "Eulália. Rogaciano faleceu, de enfarte miocárdio , no Hospital Souza Aguiar, no Rio de Janeiro. O corpo do poeta está sepultado no cemitério São João Batista, em Fortaleza, Ceará.

Rogaciano Leite foi, ainda, jornalista e era formado em Direito e Letras.

Em dezembro de 2007 foi lançado em pernambuco na cidade de Itapetim pela jornalista Tacianna Lopes o documentário "Reminiscência em Prosa e Versos",o vídeo conta um pouco da história de Rogaciano Leite. Um trabalho inédito, um curta-metragem de aproximadamente 23 minutos e que conta com a particpação de familiares, admiradores e amigos contemporãneos do Poeta,entre eles está o escritor Ariano Suassuna, que junto com Rogaciano na década de 40 foi responsável pela realização do I Congresso de Cantadores Repentistas do Brasil.

Soneto de Rogaciano Leite.

Sorrir e Cantar

Quando falas porque vivo sorrindo
Falas também por viver cantando
Se a vida é bela e se este mundo é lindo
Não há razão para eu viver chorando

Cantar é sempre o que a fazer eu ando
Sorrir é sempre meu prazer infíndo
Se canto e rio,é porque vivo amando
Se amo e canto,é por que vivo rindo.

Se o pranto morre quando nasce o canto
Eu canto e rio pra matar o pranto
E gosto muito de quem canta e rí

Logo bem vês por estes dotes meus
Que quando canto estou pensando em Deus
E quando rio estou pensando em tí.

Rogaciano Leite



Hoje estou postando algumas poesias da minha autoria,não são grande coisa,mais uma forma de mostrar algumas coisinhas que faço,fazer poesias não é meu forte,eu gosto mesmo é de declamar,a seguir algumas poesias minhas:

Há muito tempo que vivo
Mergulhado em sofrimento
Sem encontrar acalento
Sem saber se sobrevivo
Vivia tão emotivo
Sem encontrar alegria
Vivendo em demasia
Mas agora eu encontrei
E a partir de hoje sei
Minha droga é poesia

Mote:É fácil falar de mim
Muito difícil é ser eu

As pessoas me condenam
Pelo meu jeito de ser
Me impedem de viver
E assim me desanimam
E as que se aproximam
Só querem o que é meu
Eu não quero nada seu
Me desculpe sou assim
É fácil falar de mim
Muito difícil é ser eu.

Essa estrofe fiz para Itapetim:

Essa terra abençoada
Que trás ao mundo alegria
Onde nasce a poesia
E me deixa encantada
Num verso,numa toada
A emoção contagia
Que me traz a energia
E inspiração pra cantar
Itapetim faz brotar
As flores da poesia

Essa fiz com um mote que papai me deu o mote é o seguinte:

Mote:O brilhante do passado é tão perfeito
Que a ferrugem do tempo não apaga

Ao voltar a terra em que nasci
Senti tanta saudade que chorei
Lá na casa de nada eu encontrei
Só vestígios de tudo que vivi
Na lembrança os momentos que sofri
São melhores que a saudade que me esmaga
Minha vida tornou-se muito vaga
Me arrependo por o que foi desfeito
O brilhante do passado é tão perfeito
Que a ferrugem do tempo não apaga

Com o mote que Heder Gomes meu primo fez seus versos,eu usei pra fazer esta estrofe:

No amor encontrei desilusão
Mas levantei pra poder cair de novo
Hoje em dia eu sempre me comovo
Como é faceira a paixão
Ela chega devagar no coração
E faz logo o coitado acelerar
E logo,logo começo a gostar
De viver e atuar nesta trama
O coração não avisa quando ama
Nem escolhe a pessoa a quem amar.

Monique D'Angelo

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Poesia do poeta Vinícius Gregório


Minha droga é a Poesia

É como se a Poesia
Fosse a minha Nicotina,
Meu Ópio, minha Heroína,
Meu Êxtase em demasia...
Ela é quem me fantasia
E quem traça meus traçados.
Através dos meus rimados
Me liberto desse mundo
Pra cair num mar profundo
De Lindos Sonhos Dourados.

Sou viciado em Poesia,
Disso eu tenho consciência.
Chega a dar abstinência
Se ela me falta algum dia...
Pra voltar minha alegria,
Basta eu tomar outra “dose”.
Venha comigo, se entrose!
Prove da minha “Heroína”!
Pois, dessa “droga” divina,
Quero morrer de overdose.

Quem prova minha “bebida”,
Sente o gosto do Sertão
E escuta o som do trovão
Mesmo em terra ressequida.
Venha que eu te dou guarida!
Vamos viajar sem prumo,
Sem conseqüência, sem rumo...
Sem medo de ter cirrose.
Te encosta, toma outra “dose”
Dessa droga que eu consumo.

Mas se tu achas nocivo
Esse vício que me enlaça,
Então fuja da fumaça
Que o efeito é corrosivo.
Feito um fumante passivo,
Vais ter um vício profundo.
E, nesse mesmo segundo,
Se queres uma “tragada”,
Podes “tragar”, camarada,
Tem verso pra todo mundo!

Vinícius Gregório,Natural de São José do Egito que recebe o nome de berço da poesia,pois como Itapetim(ventre imortal da poesia) conhecida pela imensidão de Poetas que viveram e que vivem nestes recantos.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Versos de José Adalberto


Nossos filhos ausentes, feito abelhas
Têm nas flores da vida um compromisso
Mas por falta de chances se dispersam
No nordeste acontece sempre isso
De voltar, todos têm muita vontade
Vez em quando a empresa da saudade
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Faz um pouso forçado em seu cortiço

Noutra gente a ausência dá sumiço

No entanto, o umbigo dessa gente

Sertaneja e fiel ao seu passado
É dos outros umbigos diferente
É na terra natal que um lado fica
Quando a gente se ausenta o outro estica
E traz a gente de volta novamente

Sempre em Junho e Dezembro a prole ausente
Entre a gente aparece reunida
Que essa graça acontece, eu peço sempre
Que o amor patrocine essa acolhida
E que o sorriso festivo da chegada
Não se torne uma lágrima revoltada
Pra ninguém se ferir na despedida

Esse terra é, sem dúvida, a prometida
Como aquela onde Deus fez o jardim
Deus criou céu e terra e tudo mais
Que a origem do mundo foi assim
Em seis dias, no sétimo descansou
Eu só penso é que Deus nos enganou
E descansou pra fazer ITAPETIM.

José Adalberto-Poeta Itapetinense

Heder Gomes


Itapetinence,filho de Hielton Lopes e Maria Eulina Gomes(Minha tia),mais conhecido por Edinho,trás em suas veias o sangue poético,essas são algumas estrofes deste novo "POETA"de Itapetim,O mote é o seguinte:

Mote:
O coração não avisa quando ama
Nem escolhe a pessoa a quem amar


Fui traído por um belo sentimento
Me aplicando um golpe absurdo
Ultrapassando as barreiras do escudo
Que vinha protegendo o meu peito
Fui ferido, não escapei, não teve jeito
Mas não sei se estou pronto pra gostar
Eu só sei q eu vim me apaixonar
Por uma bela mulher, não pela fama
'O coração não avisa quando ama
Nem escolhe a pessoa a quem amar'

Como um guerreiro batalhas já travei
Na arena do campo do amor
As feridas não curam,causam dor
Quando lembro do beijo que lhe dei
Meu coração acelerou e eu não sei
A razão que lhe faz acelerar
Basta apenas um sorriso e um olhar
Para tudo terminar em sua cama
O coração não avisa quando ama
Nem escolhe a pessoa a quem amar

A procura da paixão eu embarquei
Visitando os mais belos sentimentos
Me perdi em apenas um momento
Pro começo de tudo retornei
O amor que ela me dava,recusei
Mas o Mundo está sempre a girar
O que fiz com ela vou pagar
Pra poder esquecer daquela trama
O coração não avisa quando ama
Nem escolhe a pessoa a quem amar.

Heder Gomes

Pinto do Monteiro "gênio da Poesia"


Pinto do Monteiro nasceu em 21 de Novembro de 1895 no sítio Carnaubinha, no município de Monteiro, interior da Paraíba. Começou a cantar aos 24 anos de idade, antes de embrenhar na profissão de cantador foi vaqueiro e soldado de polícia do Estado da Paraíba. Nas suas andanças como cantador foi ganhando fama e se tornando o grande mito que até hoje permanece, sendo reconhecido como o maior cantador de todos os tempos.

Com uma inteligência colossal, junto a uma enorme capacidade de improviso e ainda uma velocidade espantosa, Pinto, como é conhecido, assombrava os cantadores que o acompanhava nas pelejas, e deixava plateias em polvorosa com respostas irreverentes e rápidas.
Pinto fez algumas parcerias memoráveis, como por exemplo, com os grandes poetas Lourival Batista e João Furiba. Percorreu o Brasil, deixando rastros de poesia e genialidade por onde passava, chegou a cantar para o presidente Marechal Eurico Gaspar Dutra, sempre carregando consigo a essência do homem do sertão.

Morreu em 28 de Outubro de 1990, aos 94 anos de idade, na cidade de Monteiro, na casa de um amigo, em situação de extrema pobreza, mostrando a falta de reconhecimento de um povo que não tem idéia do gênio que era Pinto do Monteiro.



Agora vamos saborear alguns versos que foram improvisados por Pinto, nas mais diversas ocasiões, com os mais diversos cantadores.

.Aos 93 anos de idade, Pinto foi visitado pelo amigo e parceiro de profissão João Furiba, mesmo já próximo da morte mostrou porque sempre será o mito, improvisando essa sextilha:

Eu não imaginaria
Que você chegasse agora
Pra mim foi uma surpresa
Obtive uma melhora
Mas sei que vou piorar
Quando você for embora

.Certa vez cantando com o mesmo "Furiba", este criticou de forma desrespeitosa a cidade de Monteiro, Pinto que também conhecia a cidade onde "Furiba" nasceu retrucou:

Eu conheço muito bem
A sua Taquaritinga
Em cima fica uma serra
Em baixo uma caatinga
Na parte alta não chove
No pé da serra não pinga

.Noutra oportunidade, Pinto cantava com Lourival Batista, e assim improvisou:

Eu andando certo dia
Nas terras do Seridó
Tive o prazer de almoçar
Na fazenda de codó
Comi até me fartar
Da traíra o mocotó

Lourival Batista sabendo que traíra é um peixe respondeu:

Houve muitos pescadores
De Adão até Jacó
De jacó até moisés
De Moisés a Faraó
Mas nunca houve quem visse
Traíra com mocotó

Pinto, esbanjando inteligência e velocidade de raciocínio disse:

Era uma vaca cotó
Da fazenda Passira
Mataram e eu comi dela
A qual chamavam Traíra
Agora você me diga
Se é verdade ou é mentira

.Certa vez Lourival observando as vestimentas de Pinto terminou uma sextilha dizendo: "Pinto você canta muito/ E a roupa num vale nada". Pinto responde:

É verdade camarada
O que você tá dizendo
Eu costumo andar assim
Sujo e cheio de remendo
Mas ninguém diz onde passo
Pinto ficou me devendo

. Na mesma cantoria Lourival termina uma estrofe improvisando: "Meu verso é um bacamarte/ Nas mãos de um sujeito afoito". Pinto com maestria responde:

O meu é um trinta e oito
Na mão de um cabra valente
Bola cheia, cano longo
Queixa atrás, mira na frente
O queixa quebrando as balas
E as balas matando gente

.Mais adiante, Lourival termina uma estrofe dizendo: "Pinto não serve pra nada/ É pinto mas não se zanga". Pinto responde:

Pois se vire numa franga
Que eu quero pega-lo agora
Os pés sustentando o corpo
As asas fazendo escora
O bico ferrando a crista
O resto eu digo outra hora

.Furiba cantando com Pinto, faz menção a sua terra dizendo no fim de uma sextilha: "Tudo que se planta dá/ Na minha terra adorada". Pinto bombardeia:

Tua terra miserável
Só tem cupim e saúva
Teu pai morreu com cem anos
Tua mãe ficou viúva
Passou dos cento e quarenta
E nunca viu uma chuva

.Furiba certa vez terminou uma estrofe dizendo: "Deixe pra mim que só tenho/ Dezoito anos de idade". Pinto cansado das pabulagens de Furiba faz essa sextilha:

Isso aí não é verdade
Você quer ser inocente
Tem vinte anos que canta
Quinze que bebe aguardente
Trinta que engana o povo
Quarenta e cinco que mente

.Numa cantoria Furiba provoca: " Pinto velho do Monteiro/ Além de doido está cego". O gênio não deixa por menos e responde:

Ainda lhe vejo cego
Sem ganhar nenhum vintém
Pedindo esmola num beco
Onde não passe ninguém
Se passar, seja outro cego
Pedindo esmola também

.Pinto cantando sobre o exôdo rural do Nordeste fez essa bela sextilha:

Os homens do meu Nordeste
Estão desaparecidos
Nas estradas de São Paulo
Os caminhões entupidos
Conduzindo os enganados
Trazendo os arrependidos

.Cantando com Louro Branco, o gênero da cantoria chamado mourão a desafio. Pinto começa:

No mourão a tira-couro
Vou mata-lo no cacete

Louro responde:

Entro no bico do Pinto
Vou sair no "tamburete"

Pinto da o tiro de misericórdia:

Mas a coisa é diferente
Você entra como gente
Vai sair como tolete

Cantando com Furiba, este tinha acabado de chegar do Rio de Janeiro, e improvisa algo elogiando o povo carioca. Pinto com a sinceridade perturbadora de sempre, improvisa:

O que eu vi na guanabra
Foi "nêgo" descendo morro
Desastre no meio da rua
Gente no pronto-socorro
Ladrão batendo carteira
Mulher puxando cachorro

Cantando com Otacílio Batista, este improvisa uma sextilha enfatisando a boca banguela de Pinto, ao que Pinto responde que ao chegar na velhice o mesmo iria acontecer com ele, Otacílio então termina uma estrofe dizendo: "Quando chegar esse tempo/ O senhor já tem morrido", Pinto despeja esse improviso por cima de Otacílio:

Mas meu espírito envolvido
Muito além da sepultura
Irá vagar pelo mundo
Somente a tua procura
Até que um dia te veja
Cantando sem dentadura

Por fim uma estrofe do trabalho escrito por Pinto, chamado: Porque deixei de cantar

Com a matéria abatida
Eu de muito longe venho
Com este espinhoso lenho
Tombando na minha vida
Tenho a lembrança esquecida
Uma rouquice ruim
A vida quase no fim
A cabeça meio tonta
Quem for novo tome conta
Cantar não é mais pra mim


Por:Monique D'Angelo

Jessier Quirino


Umas das poesias mais famosas deste monstro da poesia popular:

PAISAGEM DE INTERIOR

Matuto no mêi da pista
menino chorando nu
rolo de fumo e beiju
colchão de palha listrado
um par de bêbo agarrado
preto véio rezador
jumento jipe e trator
lençol voando estendido
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior.


Três moleque fedorento
morcegando um caminhão
chapéu de couro e gibão
bodega com surtimento
poeira no pé de vento
tabulêro de cocada
banguela dando risada
das prosa do cantador
buchuda sentindo dor
com o filho quase parido
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior.


Bêbo lascando a canela
escorregando na fruta
num batente, uma matuta
areando uma panela
cachorro numa cadela
se livrando das pedrada
ciscador corda e enxada
na mão do agricultor
no jardim, um beija-flor
num pé de planta florido
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior.


Mastruz e erva-cidreira
debaixo dum jatobá
menino querendo olhar
as calça da lavadeira
um chiado de porteira
um fole de oito baixo
pitomba boa no cacho
um canário cantador
caminhão de eleitor
com os voto tudo vendido
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior.


Um motorista cangueiro
um jipe chêi de batata
um balai de alpercata
porca gorda no chiqueiro
um camelô trambiqueiro
avelós e lagartixa
bode véio de barbicha
bisaco de caçador
um vaqueiro aboiador
bodegueiro adormecido
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior.


Meninas na cirandinha
um pula corda e um toca
varredeira na fofoca
uma saca de farinha
cacarejo de galinha
novena no mês de maio
vira-lata e papagaio
carroça de amolador
fachada de toda cor
um bruguelim desnutrido
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior.


Uma jumenta viçando
jumento correndo atrás
um candeeiro de gás
véi na cadeira bufando
radio de pilha tocando
um choriço, um manguzá
um galho de trapiá
carregado de fulô
fogareiro abanador
um matador destemido
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior.


Um soldador de panela
debaixo da gameleira
sovaqueira, balinheira
uma maleta amarela
rapariga na janela
casa de taipa e latada
nuvilha dando mijada
na calçada do doutor
toalha no aquarador
um terreiro bem varrido
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior.


Um forró de pé de serra
fogueira milho e balão
um tum-tum-tum de pilão
um cabritinho que berra
uma manteiga da terra
zoada no mêi da feira
facada na gafieira
matuto respeitador
padre, prefeito e doutor
os home mais entendido
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior.


Arquiteto por profissão, poeta por vocação, matuto por convicção. Apareceu na folhinha no ano de 1954 na cidade de Campina Grande, Paraíba e é filho adotivo de Itabaiana também na Paraíba, onde reside desde 1983. Filho de Antonio Quirino de Melo e Maria Pompéia de Araújo Melo e irmão mais novo de Lamarck Quirino, Leonam Quirino, Quirinus Quirino e irmão mais velho Vitória Regina Quirino. Estudou em Campina Grande até o ginásio no Instituto Domingos Sávio e Colégio Pio XI. Fez o curso científico em Recife no Esuda e fez faculdade de Arquitetura na UFPB – João Pessoa, concluindo curso em 1982. Apesar da agenda artística literária sempre requisitada, ainda atua na arquitetura, tendo obras espalhadas por todo o Nordeste, principalmente na área de concessionárias de automóveis. Na área artística, é autodidata como instrumentista (violão) e fez cursos de desenho artístico e desenho arquitetônico. Na área de literatura, não fez nenhum curso e trabalha a prosa, a métrica e a rima como um mero domador de palavras. Interessado na causa poética nordestina persegue fatos e histórias sertanejas com olhos e faro de rastejador. Autor dos livros: “Paisagem de Interior” (poesia), “Agruras da Lata D`água” (poesia), “O Chapéu Mau e o Lobinho Vermelho” (infantil), “Prosa Morena” ( poesia e acompanha um pires de CD ), “Política de Pé de Muro - O Comitê do Povão” ( legendas e imagens gargalhativas sobre folclore político popular ), CDs: “Paisagem de Interior 1 e Paisagem de Interior 2”, o livro: “Bandeira Nordestina” (poesia e acompanha um pires de CD), A Folha de Boldo Notícias de Cachaceiros - em parceria com Joselito Nunes – todos editados pelas Edições Bagaço do Recife - além de causos, músicas, cordéis e outros escritos. Preenchendo uma lacuna deixada pelos grandes menestréis do pensamento popular nordestino, o poeta Jessier Quirino tem chamado a atenção do público e da crítica, principalmente pela presença de palco, por uma memória extraordinária e pelo varejo das histórias, que vão desde a poesia matuta, impregnada de humor, neologismos, sarcasmo, amor e ódio, até causos, côcos, cantorias músicas, piadas e textos de nordestinidade apurada. Dono de um estilo próprio "domador de palavras" - até discutido em sala de aula - de uma verve apurada e de um extremo preciosismo no manejo da métrica e da rima, o poeta, ao contrário dos repentistas que se apresentam em duplas, mostra-se sozinho feito boi de arado e sabe como prender a atenção do distinto público. Nos espetáculos com fundo musical, apresenta-se acompanhado de músicos de primeira grandeza, entre os quais, dois filhos, que dão um tom majestoso e solene ao recital. São eles: Vitor Quirino (violão clássico), André Correia (violino) e Matheus Quirino (percussão). Os músicos Letinho (violão) e China (percussão) atuam nos espetáculos mais elaborados. Apesar de muitos considerá-lo um humorista, opta pela denominação de poeta, onde procura mostrar o bom humor e a esperteza do matuto sertanejo, sem, no entanto fugir ao lirismo poético e literário. Sobre Jessier, disse o poeta e ensaísta Alberto da Cunha Melo: "...talvez prevendo uma profunda transformação no mundo rural, em virtude da força homogeneizadora dos meios de comunicação e das novas tecnologias, Jessier Quirino, desde seu primeiro livro, vem fazendo uma espécie de etnografia poética dos valores, hábitos, utensílios e linguagem do agreste e do sertão nordestinos. ... Sua obra, não tenho dúvidas, além do valor estético cada dia mais comprovado, vai futuramente servir como documento e testemunho de um mundo já então engolido pela voragem tecnológica."

terça-feira, 7 de julho de 2009

Antônio Pereira de Morais nasceu em 13 de Novembro de 1891,em Livramento-PB.Viveu toda infância e mocidade no sítio Jatobá,Município de Itapetim,onde constituiu família.Desenvolveu trabalhos na agricultura e na pecuária,bem como atual como poeta.Faleceu em 07 de Novembro de 1982,em Itapetim.Era tratado carinhosamente como "poeta da saudade".Eis uma de suas obras marcantes.

MEUS VERSOS:MINHAS SAUDADES(Só algumas estrofes)

Já ensinei aos de lá
Que escardasse a semente
Só plantasse ao meio dia
Na hora do sol bem quente
Que se plantar no molhado
Quando nascer mata gente.

Saudade adepois de morta
Inda nasceu e dou a prova
Quem duvidar plante e faça
Um fogo em cima da cova
E com três dias vá ver
Se a saudade não renova.

Saudade é um parafuso
Tendo na rosca não cai
Só entra se for torcendo
Porque batendo num vai
Depois que enferrujar dentro
Nem distorcendo não sai.

Antônio Pereira

Por:Monique D'Angelo