sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011




Às vezes me pergunto se o poeta está predestinado à solidão. Ele não tem norte, direção... Caminha sem bússola por entre matas fechadas. Vive afogado em seus mares de temores, segredos e amores. O "silêncio" das palavras é a sua arma mais poderosa. Ele faz da escrita a válvula de escape do seu desespero. Utiliza o lirismo como alimento necessário e indispensável à sua subsistência. É extremamente exigente e meticuloso em seus trabalhos. Irrita-se e alegra-se com facilidade. Chora e sorri na mesma intensidade. Ama a seriedade e o escracho. Prefere os labirintos às linhas retas. É quase sempre criticado e incompreendido. Aprisiona-se em seu próprio sonho de liberdade. Eleva-se espiritualmente mas se rende aos vícios terrenos. Aprecia as adegas e as tabacarias. Algumas vezes, ele é humilde; outras, narcisista. Não perdoa os próprios erros. Odeia a incoerência e permanece nela.

O poeta expressa seus sentimentos de uma forma tão ímpar que as emoções se sobrepõem aos seus desatinos. Tentar classificá-lo e entendê-lo é como reduzir-lhe o coração e o pensamento à mediocridade. Poetas não vieram ao mundo para serem compreendidos, mas para deixarem seu legado aos demais.

(Autor desconhecido)




ANDARILHO
Vou cantar com total atrevimento
Imitar os ciganos andarilhos
Percorrer os caminhos dos trocadilhos
Vendo louro inventar um novo invento
Misturar poesia e andamento
Construir uma estradeira
Ter um sonho normal numa esteira
Numa noite no lindo Moxotó
Caminhar nas estrelas vendo o pó
Das passadas da glosa derradeira

Imitar o pavão com suas cores
Vou vestir colorido em minha vida
Tratarei como sábio esta ferida
P’ra lembrar a loucura dos amores
Pois os loucos os grandes sabedores
Dão ao lúcido a loucura do real
Pra mostrar que o bem intencional
Faz morada em lugar bem diferente
Qualquer cor, qualquer dor é sempre gente
Sugerindo a paixão o seu aval

A tarefa é não ter nenhum caminho
P’ra encontrar o caminho do não ter
Ser irmão do bonito amanhecer
Ser agulha seguindo o seu alinho
Encontrar multidões quando sozinho
Colocar tom menor no violão
Ser maior entoando uma canção
Perceber quanto tempo falta ainda
Colocar no cabelo a fita linda
Como fosse uma estrofe de canção.

Zeto   ( Musicada)
Daqueles abraços , saudades eu sinto
Do beijo de mel, do afago mais terno
Me sinto no céu, nas brigas no inferno
Você é verdade e por você não minto
Quando você chega, me arranjo, me pinto
Eu tenho a palavra , mas não sei usar
Você é o sonho que eu quero sonhar
A cara metade, meu porto seguro
Lhe tendo ao meu lado, feliz eu me curo
Trocando carícias na beira do mar.


De ti nada escondo, nem mesmo querendo
Voce é meu tudo, meu sonho, meu guia
Quando está por perto eu sinto alegria
E quando se afasta eu fico sofrendo
Não vou lhe esquecer, nem mesmo morrendo
Na eternidade pretendo lhe amar
Voce pode até querer me deixar
Mas eu já fiquei na sua cabeça
E venha com os lábios, minha boca emudeça
Mostrando desejos na beira do mar.


Teus olhos me matam de tanto prazer
Tu és minha musica , minha poesia
Teu jeito sereno, trás paz , harmonia
Atravesso mares , querendo te ver
Venha pr’os meus braços que eu quero viver
Encontre em meus lábios mais cede de amar
Afine a viola , que eu quero cantar
Aquela canção que fiz pra você
Provando que nunca irás me esquecer
Cobrindo de amores a beira do mar.


Monique D’Angelo